PROFECIA NO APOCALIPSE
O livro
de apocalipse é uma profecia (1:3). Desta forma, ele encarna e exemplifica
muitos dos princípios de profecia. Se você tem mais do que um interesse
teórico, ser-lhe-á proveitoso examinar e meditar diante de Deus nas passagens
citadas abaixo. Somente Deus pode plantar a semente de sua palavra no seu
coração de tal forma que esta se torne uma expressão de sua revelação à igreja
hoje.
1.
Profecia é uma revelação, isto é, um desvendar de olhos
(1:1). Isto implica que algo real, mas anteriormente escondido, se torna
visível. A profecia tira um véu para que a realidade espiritual possa ser
vista. Sem a palavra profética o homem está cego. Ele não consegue ver Deus nem
a Sua vontade, e nem o propósito e alvo de Deus; não consegue sequer ver seu
próximo passo claramente. A palavra profética é a nossa lâmpada, alumiando o
caminho para levar-nos à consumação (2 Pe.1:19).
2.
Profecia encarna o imperativo de Deus. Declara o que deve
acontecer (1:1). A ênfase está no “deve”. Não é uma revelação do que acontecerá
como se houvesse um futuro preestabelecido para ser descoberto. A profecia não
prediz mas é uma declaração do firme propósito de Deus. O caminho para a
realização deste propósito é real. O imperativo de Deus encoraja a igreja em
tempos difíceis, reanima o Seu povo à ação para trabalhar junto com Ele, rumo
ao objetivo.
3.
A palavra de Deus é testemunha de Jesus (1:2; 19:10).
Entendemos pelo contexto do capítulo primeiro que o mesmo está se referindo ao
testemunho que o próprio Jesus dá. No contexto do capítulo 19 pode ser o
testemunho dado por Jesus ou a respeito dele. É claro também que os termos palavra de Deus, profecia e espírito da
profecia são usados alternadamente. Jesus é o autor da verdadeira profecia.
Por meio dela O cabeça se expressa ao corpo. Através dela seu Espírito é
difundido por toda a igreja. Toda profecia verdadeira dá testemunho de Jesus em
seu senhorio e glória.
4.
A profecia deve ser ouvida e obedecida (1:3). Embora a
Palavra de Deus encarne seu poder, e desta forma seja capaz de se tornar um
acontecimento, por outro lado ela não é mágica. O ouvinte deve ser receptivo.
Deve ouvir cuidadosamente; corresponder de todo o coração; agir obedientemente;
e prosseguir fielmente. Deus determinou agir de comum acordo com seu povo. É a correspondência
do povo de Deus que apressará a volta do Senhor (2 Pe.3:12).
5.
Como o testemunho de Jesus, a função principal da profecia
é revelá-lo e declará-lo (1). Ele é revelado em seu esplendor; é mostrado em
seu poder. Ele é visto como aquele que morreu e ressuscitou em vitória e se
desvenda em seu relacionamento com a igreja. Se Jesus não é visto e obedecido
como Senhor, e conhecido e vivenciado como aquele que ama e perdoa, nada mais
tem sentido. A profecia traz a realidade da sua presença à igreja.
6.
As igrejas não podem crescer ou funcionar sem a palavra
profética. O povo de Deus deve “constantemente ouvir o que o Espírito está
dizendo às igrejas” (2,3). Somente assim evita-se o declínio. Somente por meio
disto o amor e a fé são mantidos vivos e fervorosos. Ouvir diariamente o que
Deus está falando e agir diariamente segundo sua direção evitam morte (Hb.3,4).
É o único meio pelo qual a igreja pode crescer continuamente para se tornar
tudo o que Deus almeja.
7.
Enquanto tantas coisas no mundo e na experiência cristã
parecem negá-lo, a profecia revela o trono de Deus (4,5). Ele é visto e
exaltado sobre todas as coisas. A Palavra de Deus dá acesso ao seu reino
invisível, comunica a infalibilidade do seu governo e vitória, em sua
realização final. É isso que leva o ouvinte a cair prostrado aos pés do Senhor,
com o coração cheio de temor e adoração.
8.
A profecia revela forças e princípios que estão por trás
dos acontecimentos na terra (6). Pela palavra de profeta o céu se abre. Da
perspectiva do trono de Deus todas as coisas parecem diferentes. Os
acontecimentos banais, cotidianos, e também os grandes, espetaculares e
sensacionais, tomam um aspecto diferente. O imperativo da vontade de Deus é
visto como algo supremo. As forças espirituais se tornam evidentes. A justiça e
o juízo de Deus se tornam aparentes. O inexplicável nem sempre se torna fácil
de entender. Mas há um senso do seu lugar no esquema geral das coisas. Através
da Palavra de Deus a paz interior e espiritual transcende e substitui a
confusão e o medo.
9.
A Palavra de Deus chama um remanescente à existência (7).
Um bando, uma companhia e depois um exército são formados por aqueles que ouvem
o que Deus está falando às igrejas. Deus nunca teve medo de cortes. Ele
conduziu todo o Israel, na verdade toda a raça humana, para uma pessoa, o seu
Filho Jesus. Por meio dele, desenvolveu todo um povo para sua glória. Vez após
vez, quando corações esfriam, ele recomeça com aqueles que ouvirão e
corresponderão. Deus é paciente e absolutamente firme e paciente. Ele não continua
a construir quando falhas sérias aparecem. Agir assim seria um fracasso
garantido. Ao invés disso, ele reduz e começa novamente.
10.
A palavra profética afeta o curso da história, interrompe
os acontecimentos e altera a cronologia (7:3). Deus responde às situações
reais. Ele adapta e altera os detalhes do seu propósito, embora sempre se
dirija inexoravelmente para seu alvo final; trata diariamente com miríades de
possibilidades, incontáveis desenvolvimentos e reações. Pela sua palavra, Ele
molda as atitudes e reações do seu povo obediente; ordena os elementos, as
situações do mundo e tudo o que está envolvido no cumprimento de sua vontade.
11.
A profecia declara o juízo de Deus (8,9,15). Não que o
profeta vá por toda parte com uma atitude condenatória. Como seu mestre, Ele
não veio para condenar, mas para dar vida. Porém, ver o trono de Deus é
apreciar sua justiça. Desta forma, o juízo é declarado como governo de Deus,
como sua administração e determinação e como sua consumação e conclusão de
todas as coisas. A ira de Deus é uma realidade; ele julgará e destruirá todo o
mal.
12.
A profecia fortalece um remanescente em fidelidade (11,12).
Ajuda-o a entender seu destino e alvo. Mostra-lhe a alegria que está por vir.
Encoraja-o enquanto suporta o calor do dia em favor de outros. Mostra-lhe uma
grande multidão que segue atrás, usando a trilha que eles abriram. A Palavra de
Deus capacita aqueles que buscam de coração os objetivos do Senhor, para
vencer. Assegura-lhes sua graça, presença e aprovação. Enche suas bocas com seu
testemunho e comunica-lhes a certeza da vitória e a queda inevitável do mal.
13.
Pela sua palavra, Deus revela a consumação de seus
propósitos (11,12). Ele fala amorosa e suavemente àqueles que, como João,
reclinam-se sobre seu peito, àqueles que se preocupam principalmente com seus
anseios e sentimentos. Ele fala-lhes do tempo quando sua justiça será
estabelecida por toda a terra, mas ele também fala com eles em termos pessoais:
estarão com ele e toda lágrima lhes será enxugada. Comerão e beberão juntos com
ele. A alegria e a comunhão que experimentam com ele agora se tornarão plenas,
então.
14.
A profecia revela o curso e o desenvolvimento do mal e sua
destruição (15). A igreja deve estar consciente de que a raça humana
independente continuará a desenvolver seu objetivo de se unir em rebelião
contra Deus. O homem ainda quer construir sua Babilônia com uma torre que
alcance o céu. Ele ainda tenta evitar o
ser espalhado. Os governantes querem segurar seus domínios para si mesmos
e tendem a se unir contra o Senhor e seu
Cristo. Deus torna claro que permitirá que o homem realize muito do que deseja,
mas somente quando o povo de Deus estiver pronto. Babilônia terá permissão de
chegar à sua expressão plena, mas será finalmente destruída quando o povo de
Deus estiver pronto para governar.
15.
A profecia declara a vitória final de Cristo e sua igreja
(19). Ao fazer isso, ela fortalece o fraco e reanima o que vacila para entrar
em ação. Podemos ser fracos e pequenos agora. As forças do mal parecem imensas
e sua influência prodigiosa. Mas Jesus voltará a reinar. E nós, da promessa,
vamos deixar que a visão de vitória encha nossos corações. Vamos permitir que a
realização da vitória seja demonstrada em nossas vidas. Por meio daquele que
venceu, nós também seremos vitoriosos!
16.
A Palavra de Deus estabelece o governo de Cristo na terra
(20-22). A terra se encherá da Sua glória. Debaixo do governo justo de Jesus,
administrado pelos santos de Deus, realmente haverá justiça para todos. A
preocupação constante de Deus para com os pobres e os oprimidos será
evidenciada. A sociedade será reformada. Onde agora nos sentimos impotentes
seremos capazes de agir. Aqueles que têm sido preparados assumirão áreas
específicas de responsabilidade no governo justo de Deus.
17.
A inspiração e revelação da profecia vêm através dos
profetas (22:6-9). João era um profeta. A revelação profética, a abertura e
compreensão do propósito de Deus nas escrituras proféticas vêm pelos profetas
(2 Pe.1:20-21). A Palavra de Deus deve ser recebida e declarada. Somente então pode
ser ouvida e correspondida. Somente então os propósitos de Deus podem avançar.
18.
A profecia dá um senso de proximidade e intimidade (22:10).
Leva seus ouvintes a sentir a realidade do que está sendo declarado.
Capacita-os a experimentar o impacto do reino invisível. Eles provam os poderes
da era vindoura e trazem progressivamente o reino de Deus para a terra através
de sua correspondência. Suas vidas contagiantes comunicam o sabor divino deste
reino. A palavra traz a possibilidade de consumação dentro do seu alcance. Eles
sabem que podem ser a geração que trará de volta o Rei.
19. Pela sua palavra,
Deus comunica um anseio pela consumação (22:17-20). Isto é um compartilhar de
seu desejo. É a comunhão mais íntima entre Deus e o homem. A profecia leva Deus
e seu povo à unidade. O Espírito e a noiva unem seus anseios. Juntos eles
clamam: “Vem”. Nós ouvimos a própria resposta de Jesus: “Sim,
venho sem demora”. Em harmonia com o desejo e alvo de toda profecia nós
dizemos: “Amém. Vem Senhor Jesus”!
John Maclaucchlan
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